Diferenças entre edições de "João Branco Núncio (15.02.1901-26.01.1976)"

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«Como Núncio no hay nadie!» (Manolete)
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João Alves Branco Núncio nasceu em Alcácer do Sal no dia 15 de fevereiro de 1901 no seio de uma família de lavradores. Desde muito jovem iniciou-se na arte equestre. O seu pai criava touros de lide mas julga-se que terá sido por influência do seu avô paterno, o lavrador Joaquim Mendes Núncio, que se tornou cavaleiro tauromáquico. O próprio avô materno, João Alves de Sá Branco, administrador do concelho de Alcácer do Sal, era considerado como grande entendido em matéria tauromáquica.
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Aos 13 anos de idade João Branco Núncio apresentou-se como amador, na corrida de S. João, na antiga praça de Évora onde lidou dois toiros com o “Teodoro”. Contudo e dando prioridade aos estudos, não toureou publicamente nas temporadas seguintes. O regresso deu-se em 1917, depois de concluído o Curso Geral do Comercial, na Escola Académica de Lisboa. Curiosamente aqui conheceu aquele que seria o seu amigo e rival nas arenas, Simão da Veiga.
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Núncio tomou a alternativa na Monumental do Campo Pequeno a 27 de maio de 1923. Foi seu padrinho António Luís Lopes, numa corrida organizada por Patrício Cecílio. Por esta ocasião já se revelava todo o seu brilhantismo.
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Ainda hoje João Branco Núncio é considerado uma das mais altas figuras, senão a mais alta, do toureio a cavalo em Portugal. Com a ajuda de Simão da Veiga, João Núncio iniciou uma revolução na corrida de toiros em Portugal a qual conduziu, por exemplo, ao abandono do uso do toiro corrido. Núncio revelou-se também exímio na preparação das montadas. Foi também por sua iniciativa que diferentes cavalos passaram a adaptar-se a diferentes lides. Foi também por influência de João Núncio que os cavaleiros deixam de usar cabeleira empoada e luva branca durante as lides.
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João Branco Núncio marcou toda a sua época e definitivamente marcou a história da tauromaquia portuguesa. Atuou em Portugal, Espanha e França, apresentando-se nas mais prestigiadas praças e feiras tauromáquicas sempre somando êxitos e ombreando com as grandes figuras da época.
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Foi longa a sua carreira. O "califa de Alcácer" faleceu na Golegã no dia 26 de janeiro de 1976. Mestre João Branco Núncio tinha 74 anos e preparava-se para regressar às arenas. Para casa de seu cunhado Patrício Cecílio, na Golegã se havia mudado no pós-25 de abril de 1974 depois de ter visto a sua Herdade de Entre-as-Matas e a sua casa de habitação em Alcácer serem ocupadas na sequência do Processo Revolucionário que então se vivia. Havia atuado pela última vez na Praça de Touros Palha Blanco, em Vila Franca de Xira, a 21 de outubro de 1973. Nesse mesmo ano esgotou o Campo Pequeno, a 27 de maio, para comemorar os seus 50 anos de alternativa. Segundo consta foi uma corrida memorável em que o Mestre deu uma das mais importantes lições de toureio da sua longa vida artística e na qual concedeu a alternativa a José João Zoio.
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Durante toda a sua vida recebeu inúmeros prémios e distinções. A 14 de junho de 1949 foi agraciado como Comendador da Ordem de Benemerência; a 5 de julho de 1963, ao celebrar 40 anos de carreira, com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada; a 13 de julho de 1973 como Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
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Em sua homenagem, também foi atribuído o seu nome à Praça de Touros João Branco Núncio, em Alcácer do Sal.
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'''REGISTOS FOTOGRÁFICOS'''
 
'''REGISTOS FOTOGRÁFICOS'''
  

Revisão das 17h28min de 8 de setembro de 2020

«Como Núncio no hay nadie!» (Manolete)


João Alves Branco Núncio nasceu em Alcácer do Sal no dia 15 de fevereiro de 1901 no seio de uma família de lavradores. Desde muito jovem iniciou-se na arte equestre. O seu pai criava touros de lide mas julga-se que terá sido por influência do seu avô paterno, o lavrador Joaquim Mendes Núncio, que se tornou cavaleiro tauromáquico. O próprio avô materno, João Alves de Sá Branco, administrador do concelho de Alcácer do Sal, era considerado como grande entendido em matéria tauromáquica.

Aos 13 anos de idade João Branco Núncio apresentou-se como amador, na corrida de S. João, na antiga praça de Évora onde lidou dois toiros com o “Teodoro”. Contudo e dando prioridade aos estudos, não toureou publicamente nas temporadas seguintes. O regresso deu-se em 1917, depois de concluído o Curso Geral do Comercial, na Escola Académica de Lisboa. Curiosamente aqui conheceu aquele que seria o seu amigo e rival nas arenas, Simão da Veiga.

Núncio tomou a alternativa na Monumental do Campo Pequeno a 27 de maio de 1923. Foi seu padrinho António Luís Lopes, numa corrida organizada por Patrício Cecílio. Por esta ocasião já se revelava todo o seu brilhantismo.

Ainda hoje João Branco Núncio é considerado uma das mais altas figuras, senão a mais alta, do toureio a cavalo em Portugal. Com a ajuda de Simão da Veiga, João Núncio iniciou uma revolução na corrida de toiros em Portugal a qual conduziu, por exemplo, ao abandono do uso do toiro corrido. Núncio revelou-se também exímio na preparação das montadas. Foi também por sua iniciativa que diferentes cavalos passaram a adaptar-se a diferentes lides. Foi também por influência de João Núncio que os cavaleiros deixam de usar cabeleira empoada e luva branca durante as lides.

João Branco Núncio marcou toda a sua época e definitivamente marcou a história da tauromaquia portuguesa. Atuou em Portugal, Espanha e França, apresentando-se nas mais prestigiadas praças e feiras tauromáquicas sempre somando êxitos e ombreando com as grandes figuras da época.

Foi longa a sua carreira. O "califa de Alcácer" faleceu na Golegã no dia 26 de janeiro de 1976. Mestre João Branco Núncio tinha 74 anos e preparava-se para regressar às arenas. Para casa de seu cunhado Patrício Cecílio, na Golegã se havia mudado no pós-25 de abril de 1974 depois de ter visto a sua Herdade de Entre-as-Matas e a sua casa de habitação em Alcácer serem ocupadas na sequência do Processo Revolucionário que então se vivia. Havia atuado pela última vez na Praça de Touros Palha Blanco, em Vila Franca de Xira, a 21 de outubro de 1973. Nesse mesmo ano esgotou o Campo Pequeno, a 27 de maio, para comemorar os seus 50 anos de alternativa. Segundo consta foi uma corrida memorável em que o Mestre deu uma das mais importantes lições de toureio da sua longa vida artística e na qual concedeu a alternativa a José João Zoio.

Durante toda a sua vida recebeu inúmeros prémios e distinções. A 14 de junho de 1949 foi agraciado como Comendador da Ordem de Benemerência; a 5 de julho de 1963, ao celebrar 40 anos de carreira, com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada; a 13 de julho de 1973 como Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.

Em sua homenagem, também foi atribuído o seu nome à Praça de Touros João Branco Núncio, em Alcácer do Sal.


REGISTOS FOTOGRÁFICOS



REGISTOS GRÁFICOS



FONTES ESCRITAS


- Mestre João Núncio, 34 anos de saudade (De Porta Aberta 27.01.2010)

- 24 de julho de 1964. A "manssada" noite dos touros sem sangue (Jornal i 24.07.2018)

- Campo Pequeno. Estreias e Alternativas.

- João Branco Núncio (O Sal da História)


REGISTOS BIBLIOGRÁFICOS


Câmara, Maria João da (2002), "JOÃO NÚNCIO", Lisboa: Edições Inapa.


REGISTOS VIDEOGRÁFICOS'


https://arquivos.rtp.pt/conteudos/joao-branco-nuncio/

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/sabe-que-existe-o-museu-do-cavalo/

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/sombra-sol-2/

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/50-anos-de-carreira-de-joao-branco-nuncio/

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/domingos-saraiva-e-joao-branco-nuncio/

https://www.youtube.com/watch?v=o4WjmNEaaJ8

https://www.youtube.com/watch?v=CHS0NWP5Fpg